BLOG DO ADAIL

Conhecer a Deus é fundamento eterno de bem-aventurança - glória eterna. Não o conhecer é eterna perdição. Deste modo, o conhecimento de Deus é tudo: vivifica a alma, purifica o coração, tranquiliza a consciência, eleva as afeições, e santifica o caráter e a conduta. - Irmão Adail

"Ah, se pudéssemos ter mais fé num Salvador amoroso e vivo, e se pudéssemos abrir nossos corações o suficiente para receber mais do seu amor eterno, consumidor, constrangedor, penetrante; ah, se abríssemos nosos ouvidos para ouvir a doce voz do Noivo quando Ele sussura para nossas almas: "Levanta-te, meu amor, minha querida, venha, deixa as ilusões deste dia transitório. Ah, se sua voz arrebatadora pudesse alcançar nossos corações endurecidos para que tivéssemos sede e clamássemos por um relacionamento mais íntimo com o Salvador crucificado". - Pr. John Harper, que afundou com o TITANIC em 15.04.1912.

ATENÇÃO: O assento do escarnecedor pode ser muito elevado socialmente, todavia fica muito perto da porta do inferno, e logo ficará vazio.

"...prepara-te para te encontrares com o teu Deus" (Am 4.12). Como os crentes em Jesus podem viver com as malas prontas e prontos para partir? Não há mistério a este respeito; o bom senso nos deve indicar como fazê-lo. Estejamos inteiramente dedicados ao serviço de Cristo, todos os dias. Não vamos tocar no pecado com vara curta. Acertemos as contas com Deus. Vamos pensar em cada hora como uma dádiva de Deus para nós, para tirar dela o melhor proveito. Planejemos nossa vida, levando em conta setenta anos (Sl 90.10), entendendo que se o nosso tempo for menor do que esse prazo, isso não será uma privação injusta, mas uma promoção mais rápida. Vivamos no tempo presente; gozemos com alegria dos seus prazeres e abramos caminhos através de suas dores, contando com a companhia de Deus, sabendo que tanto os prazeres quanto as dores são passos na viagem para casa. Abramos toda a nossa vida para o Senhor e gastemos tempo conscientemente na companhia dEle, expondo-nos e correspondendo ao seu amor. Digamos a nós mesmos, com frequência, que a cada dia estamos mais perto. Lembremo-nos que o homem é imortal enquanto o seu trabalho não for realizado, e continuemos a realizar aquilo que sabemos ser a tarefa que Deus nos determinou para aqui e agora. Amém? - Irmão Adail

Uma única bomba devasta uma cidade, e o mundo está na era nuclear. Com a cisão de um átomo, temos um poder e uma força nunca vistos. Foguetes roncam no seu local de lançamento, e sua carga é despejada no espaço. Descobertas apenas imaginadas durante séculos são agora concretizadas à medida que começamos a explorar os confins do universo.

Vulcões, terremotos, maremotos, furacões e tufões deixam desprender sua força incontrolável e inexorável. Resta-nos procurar abrigo para mais tarde reunir aquilo que sobrou.

Poder, força, energia - observamos com admiração a exibição da natureza ou a obra do homem. Mas essas forças não se aproximam do poder de Deus onipotente. Criador de galáxias, átomos e leis naturais, o soberano Senhor reina sobre tudo o que existe e sempre será assim. Que tolice viver sem Ele, que estupidez correr e esconder-se de sua presença, e quão ridículo é desobedecer-lhe. Mas nós o fazemos. Desde o Éden estamos sempre à procura de sermos independentes de seu controle como se fôssemos deuses com o poder de controlar nosso próprio destino. E Ele tem permitido nossa rebelião. Mas, muito em breve, chegará o
DIA DO SENHOR.


sábado, 26 de março de 2011

John Harper - O ùltimo Herói do Titanic

Enquanto as águas escuras e geladas do Atlântico enchiam lentamente o convés do Titanic, John Harper gritava: “Deixem as mulheres, crianças e descrentes subirem nos barcos salva-vidas.” Harper tirou seu salva-vidas – a última esperança de sobrevivência – e o entregou a outro homem. Depois que o navio desapareceu sob a água escura, deixando Harper se debatendo nas águas geladas, ouviram-no incentivando os que estavam à sua volta a confiar em Jesus Cristo. Era a noite de 14 de abril de 1912. uma noite de heróis, e John Harper foi um deles. Apesar das águas que o tragavam serem extremamente frias e do mar à sua volta estar escuro, John Harper deixou este mundo numa resplandecente glória.

Os atos de coragem de Harper foram espontâneos. Ele não tinha motivo para imaginar que o Titanic afundaria, nem tempo para escrever um roteiro. Uma revista comercial, The Shipbuilder, descreveu o Titanic como “praticamente insubmergível”. No dia 31 de maio de 1911, um empregado da Companhia de Construção Naval White Star disse: “Nem mesmo o próprio Deus pode afundar esse navio”. O Titanic representava toda a segurança, elegância e confiança da era vitoriana-edwardiana. A Associated Press era entusiasta do navio, declarando: “Tudo que a riqueza e a habilidade modernas podiam produzir estava incorporado no Titanic, o navio mais longo já construído, com mais de 4 quadras de comprimento.., com acomodações para uma tripulação de 860 pessoas e capacidade para 3.500 passageiros, ele foi construído com o mesmo cuidado dedicado aos melhores cronômetros”. A ostentação e o tamanho recorde do Titanic impressionaram a era dourada da construção naval. Seus motores de 50.000 HP que produziam a velocidade de 24 nós por hora eram protegidos por dezesseis compartimentos estanques. Cada um era protegido por estruturas de aço. Na época do seu lançamento, o Titanic era o maior objeto móvel manufaturado do mundo. Depois de fazer as duas primeiras paradas para passageiros e correio em Cherbourg e Queenstown, Irlanda, os passageiros se sentiram ainda mais seguros. Harper escreveu numa carta para seu amigo Charles Livingstone antes de atracar em Queenstown, dizendo:
Até agora a viagem é tudo que se pode desejar
Às 11:40 da noite de 14 de abril de 1912, um iceberg rasgou o lado estibordo do navio, jogando gelo por todo o convés e arrebentando seis compartimentos estanques. O mar se infiltrou. A maioria dos passageiros não acreditava que o Titanic afundaria até que a tripulação começou a lançar foguetes de sinalização para o alto. Charles Pellegrino disse: “A água brilhou por todos os lados. Barcos salva-vidas podiam ser vistos nela… Naquele enorme facho de luz artificial, as mentes também foram iluminadas. Todos entenderam a mensagem dos foguetes por si próprios”. Depois dos foguetes, ninguém precisava ser convencido a entrar nos barcos salva-vidas. De repente, quando a água alcançou a metade da ponte de comando, um estrondo que parecia um milhão de pratos quebrando, cortou a noite. Enquanto a popa do Titanic subia alto no céu para se preparar para seu mergulho ao fundo do mar, um barulho terrível como uma explosão abalou o ar da noite. Passageiros davam-se as mãos e se jogavam na água. Às 2:20 da manhă o Titanic começou sua descida lenta para o fundo do mar, deixando uma nuvem emergente de fumaça e vapor acima do seu túmulo.
Nas águas geladas do Atlântico Norte, na calada da noite, o navio mais famoso do mundo terminou sua primeira e última viagem, mas alcançou uma mística náutica que só perde para a da arca de Noé. Tudo aconteceu tão rápido, que Harper só pôde reagir. Sua reação deixou um exemplo histórico de coragem e de fé. “Os heróis da humanidade”, disse A. P Stanley, “são como as montanhas, como os planaltos do mundo moral”. John Harper foi um desses heróis.
A Parte Mais Difícil do Seu Heroísmo
Nunca é fácil assumir tais ações heróicas, e para John Harper foi excepcionalmente difícil. Sua filha pequena, Nana, estava viajando com ele. Quatro anos antes, a mãe dela adoeceu e morreu. Agora, Harper sabia, Nana ficaria órfã aos seis anos de idade.
Quando o alarme indicou o fim do Titanic, Harper imediatamente entregou Nana a um capitão do convés com ordens para colocá-la num barco salva-vidas. Então ele saiu para socorrer os outros. Nana foi resgatada e mandada de volta à Escócia, onde cresceu, casou-se com um pastor, e dedicou toda a sua vida ao Senhor a quem seu pai tinha servido.
Certa vez, depois de Harper escapar por pouco de se afogar aos 26 anos, ele disse: “O medo da morte não me preocupou em momento algum. Eu acreditava que a morte súbita seria glória súbita, mas havia uma menininha sem mãe em Glasgow”. Agora, essa menininha ficaria sem mãe e sem pai. Com certeza essa foi a parte mais difícil para Harper.
O Herói em Contraste
O heroísmo altruísta desse escocês é acentuado pela conduta contrastante de muitos colegas passageiros nessa viagem mortal. Enquanto Harper entregava seu colete salva-vidas, um banqueiro americano conseguiu colocar um cachorro de estimação num barco salva-vidas, deixando 1.522 pessoas sem ajuda. Não havia um espírito de “afundar com o navio”. Dos 712 salvos, 189 eram, inclusive, homens da tripulação. O coronel John Jacob Astor tentou escapar com sua mulher num barco salva-vidas e foi detido pelo segundo-oficial Charles Lightoller. Astor era o homem mais rico do mundo, mas isso foi insuficiente para forçar a sua entrada num simples barquinho salva-vidas. Daniel Buckley se disfarçou de mulher na tentativa de conseguir um lugar no barco. Os passageiros da primeira classe, no primeiro barco salva-vidas a ser baixado, se recusaram a voltar e recolher pessoas que estavam se afogando, apesar de haver espaço para muitos outros serem salvos. A Sra. Rosa Abbott, a única mulher a afundar com o navio e sobreviver, disse que um homem tentou subir nas suas costas forçando-a para baixo da água e quase afogando-a.
O Sr. Bruce Ismay, um dos donos do Titanic, diretor administrativo da Companhia White Star e o responsável por não haver barcos salva-vidas [suficientes] a bordo, tornou-se o marinheiro mais infame desde o Capitão Bligh. Ele subiu num barco salva-vidas enquanto centenas de mulheres permaneceram no navio condenado. O Capitão Smith ordenou a seus homens: “Façam o melhor que puderem para as mulheres e crianças, e cada um cuide de si”. Ao mesmo tempo, John Harper mandava os homens fazerem o que podiam para as mulheres e crianças e cuidarem dos outros.
Uma Ambição Inabalável
Quando o monstruoso iceberg partiu as ambições dos outros em pedaços, Harper demonstrou sua ambição inabalável que nem a morte podia afetar.
Ele declarou Jesus Cristo como a esperança do homem até o fim, ao contrário de outros que foram forçados a encarar a insensatez de suas ambições. Um certo Sr. Hoffman raptou seus filhos, Lolo e Momon, que ficaram conhecidos como as ‘‘crianças abandonadas do Titanic”. Seu único desejo fora tirar suas crianças de perto da mãe. Mas, diante da morte, ele as colocou num barco salva-vidas, certificando-se de que elas voltariam para a mãe delas em Nice, França. John Phillips, um tripulante presunçoso, mandou o navio The Ca/ifornian “calar a boca” depois que este enviou pelo rádio o sexto aviso de icebergs no trajeto do Titanic. Ao encarar a morte, sua presunção desapareceu e ele clamou: “Deus me perdoe… Deus me perdoe”. O pai de Michel e Edrnond Navratil levou seus dois meninos a bordo do Titanic numa viagem sem volta para a América a fim de escapar para sempre da esposa, que ele tinha pego tendo um caso com um oficial de cavalaria italiano. Abandonando sua ambição, Navratil colocou seus meninos num barco salva-vidas. Suas últimas palavras foram: “Digam à sua mãe que serei sempre dela”.
O projetista do Titanic passou os momentos finais da sua vida no salão de fumar, observando um painel na parede que dizia: “O Novo Mundo Por Vir”. Seu colete salva-vidas foi deixado de lado, demonstrando o fim do que fora um belo sonho por parte dele, dos donos do navio e do público.
A Sra. Isador Straus, cujo marido era dono da Loja de Departamentos Macy’s, não entrou num barco salva-vidas. Ela disse ao seu marido: “Onde você for, eu vou”; ajudou sua criada a entrar no barco número oito e colocou seu casaco de pele nos seus ombros, dizendo-lhe: “Mantenha-se aquecida. Eu năo vou precisar dele”.
Benjamin Guggenheim e seu criado Victo Giglio apareceram no convés em trajes de gala como dois comediantes orgulhosos, dizendo: “Nos vestimos com o melhor e estamos preparados para afundar como cavalheiros”.
Jogadores de cartas trapaceiros, que viajavam com identidades falsas e tinham roubado $30.000 dos passageiros, pararam com suas trapaças. O instrutor T. W McCawley, que estava ensinando pessoas a montar em cavalos e camelos mecânicos, interrompeu suas aulas. O fascínio das camas luxuosas, lareiras, banhos turcos com câmaras refrigeradas douradas e da primeira piscina construída num transatlântico terminou. Passageiros no salăo da primeira classe cessaram as suas festas e desfilaram no convés com coletes salva-vidas sobre os trajes de gala. As reuniơes de negócios pararam. O falatório das socialites cessou. Mas, com o seu último suspiro, John Harper, sem desanimar, continuou o trabalho da sua vida: convencer homens a “crer no Senhor Jesus Cristo”.
Harper Conhecia Bem os Terrores do Afogamento
A coragem de Harper năo vinha da ignorância. Provavelmente ninguém no Titanic conhecia tăo bem os terrores do afogamento como John Harper. Aos dois anos de idade ele caiu num poço e foi ressuscitado a tempo por sua măe. Aos vinte e seis anos, Harper foi levado a alto mar por um correnteza e sobreviveu por pouco. Aos trinta e dois anos ele encarou a morte num navio com vazamento no Mediterrâneo. Talvez essa fosse a maneira de Deus testar esse servo para a sua missăo de último aviso no Titanic.
Harper já sabia o que centenas de pessoas descobriram naquela noite trágica – afogamento é uma morte terrível. Will Murdoch, o primeiro-oficial do Titanic, foi incapaz de enfrentar uma morte lenta na água e se matou com um tiro quando a ponte de comando afundou.
Muitos dos 1.522 homens, mulheres e crianças abandonados a bordo gritaram até ficar num silêncio terrível. Em contraste, um John Harper confiante encarou a morte com segurança absoluta de que Jesus derrotou a morte e deu-lhe a dádiva da vida eterna. Essa segurança ultrapassou os terrores do afogamento.
A Paixăo de Toda a Sua Vida
O heroismo de Harper năo foi apenas um momento glorioso de uma vida sem atos heróicos. Ele amou, chorou, orou e trabalhou pelos outros durante toda a sua vida. Harper recuperou alcoólatras, jogadores, e brigơes. Como pastor, às vezes, passava a noite inteira na sua igreja orando pelas suas centenas de membros individualmente. Harper trabalhava dia e noite, nos lares e nas ruas, indicando uma vida melhor para os desamparados. Ele trabalhava sem cessar entre os pobres, procurando ajudá-los.
A labuta fatigante de Harper era realizada apesar de sua má saúde. No verăo de 1905, a enfermidade o incapacitou por seis meses, acabou com sua saúde e roubou sua bela e ressonante voz. Seu corpo nunca mais foi o mesmo, restando apenas um esqueleto do homem que fora. A pele pálida, o corpo frágil e as enfermidades constantes de Harper eram as marcas de alguém que se recusava a parar para descansar. Porém, apesar da má saúde e do corpo cansado, Harper era sagaz e alegre. Esse servo dedicado era conhecido por ser “glorificado na sua fraqueza”. Na noite anterior ao naufrágio do Titanic, enquanto os outros jogavam e descansavam, John Harper foi visto no convés do navio tentando com todo zelo levar um rapaz a crer em Cristo.
Harper Teve uma Oportunidade de Escapar do Titanic
Os atos heróicos de John Harper no Titanic assumem uma dimensăo maior quando se considera sua oportunidade de ter evitado o desventurado navio. A principio estava marcado que Harper iria no navio Lusitania para pregar na Igreja Memorial Moody em Chicago. Ao invés disso, ele se levantou e informou aos homens da Missăo Seaman’s Center em Glasgow que os planos foram mudados e ele partiria no Titanic para a igreja Memorial Moody de Chicago. Em 1911, ele havia tido as melhores conferências desde os dias do grande D. L. Moody, e a igreja o convidou novamente para três meses de reuniơes.
O Sr. Robert English levantou-se numa reuniăo no Seaman’s Center e suplicou que Harper năo viajasse para Chicago. English disse a Harper que estava orando e teve um pressentimento de que aconteceria um desastre se ele fizesse essa viagem. Ele se ofereceu para pagar a passagem se Harper adiasse a sua viagem. Vários outros testemunharam o fato de que English insistiu com Harper, inclusive Willie Burns, que estava presente na reuniăo em Glasgow, e as duas netas de English, Mary Whitelaw e Georgina Smith, ambas membros da Igreja Memorial Harper.
As palavras de English foram muito semelhantes às palavras ditas ao apóstolo Paulo por um profeta chamado Ágabo 1.900 anos antes. Ágabo atou suas măos e seus pés, dizendo: “Assim os judeus, em Jerusalém, farăo ao dono deste cinto e o entregarăo nas măos dos gentios”. A recusa de Harper de voltar atrás foi muito parecida com a reaçăo de Paulo: “Que fazeis chorando e quebrantando-me o coraçăo? Pois estou pronto năo só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”(Atos 21.10-13). Ambos, Paulo e Harper, tinham um senso de propósito divino com relaçăo às suas viagens, e ambos estavam dispostos a morrer para realizar esse propósito.
As advertências proféticas dadas a esses dois homens de Deus indicam que o Senhor aprovou seu sacrifício. A advertência de Ágabo deu um senso de propósito divino a Paulo quando ele viajou a Jerusalém onde pregaria o Evangelho, seria preso e condenado à morte. A advertência do Sr. English deu a Harper o mesmo senso de propósito divino quando ele se tornou a testemunha final num navio da morte.
No Final só Havia Duas Classes de Passageiros
Depois que o Titanic afundou, o escritório da White Star em Liverpool, Inglaterra, colocou um grande painel de cada lado da entrada principal. Em um deles escreveram com letras grandes: “Identificados como Salvos”, e no outro: “Identificados como Desaparecidos”. Quando a viagem do Titanic começou havia três classes de passageiros. Mas, quando ela terminou o número foi reduzido a duas — os que foram “salvos” pelos barcos salva-vidas e os que ficaram “perdidos” nas águas profundas.
Parentes e amigos dos passageiros do navio esperavam do lado de fora do escritório da White Star. Quando notícias sobre um passageiro chegavam, seu nome era escrito num pedaço de papelăo. Entăo um empregado levava o nome até o portăo. De frente para a multidăo ele levantava o papelăo; a multidăo ficava num silêncio mortal. Todos observavam ansiosamente para ver em qual dos painéis o nome seria colocado.
John Harper mergulhou na morte com desprendimento total, sabendo que estaria entre os passageiros perdidos. Mas ele tinha certeza absoluta de que seu nome estaria na lista dos “salvos” diante do trono de Deus. Lorde Mercer expressou assim a atitude de Harper com relaçăo à morte: “Numa única noite, entre o anoitecer e o amanhecer, durante algumas poucas horas de inconsciência de muitos que dormiam tranqüilamente, partiram desta terra centenas de vidas, algumas ricas em promessas e futuros aparentemente felizes, levando com elas todas as esperanças de outras pessoas. Mas a constância e a coragem cristăs, a renúncia absoluta e o heroísrno inabalável com que tantos encararam seu fim, nos ajudam a perceber que a morte năo é o fim de todas as coisas e que esta vida é apenas a entrada para a vida verdadeira, que ela é apenas o portal da eternidade”.
O Último Convertido de John Harper
Duas horas e quarenta minutos depois do Titanic colidir com o iceberg, ele afundou nas águas geladas. Centenas se ajuntaram em barcos e botes salva-vidas, e outros se agarraram a pedaços de madeira esperando sobreviver até que chegasse socorro. Durante cinqüenta minutos horríveis os gritos de socorro encheram a noite. Eva Hart disse: “O som das pessoas se afogando é algo que năo posso descrever para você. E ninguém mais pode. É um som horrível. E há um silêncio terrível que o segue”. O sobrevivente coronel Archibald Gracie chamou isso de “a cena mais lastimável e horrível de todas. Os gritos comoventes dos que estavam à nossa volta ainda soam nos meus ouvidos, e eu me lembrarei deles para o resto da minha vida”.
Durante aqueles 50 minutos, um homem agarrado a uma tábua chegou perto de John Harper. Harper, que estava se debatendo na água, gritou: “Você é salvo?” A resposta foi: “Năo”. Harper gritou as palavras da Biblia:
“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. Antes de responder, o homem sumiu na escuridăo.
Mais tarde, a correnteza os aproximou novamente. Mais uma vez Harper, que estava morrendo, gritou a pergunta: “Você é salvo?” Mais uma vez ele recebeu a resposta: “Năo”. Harper repetiu as palavras de Atos 16.31: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”.
Harper, que estava se afogando, soltou, entăo, as măos do objeto em que se segurava na água gelada e desceu para seu túmulo no oceano. O homem que ele tentou evangelizar confiou em Jesus Cristo. Mais tarde ele foi socorrido pelos barcos salva-vidas do navio S.S. Carpathia. Em Hamilton, Ontario, este sobrevivente testemunhou que foi o “último convertido” de John Harper.
O último convertido de Harper foi alcançado pelas últimas palavras de Harper: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”.
Houve muitos heróis no Titanic, mas ajudando os outros enquanto se afogava, John Harper foi o último.
A Formaçăo de um Herói John Climie
Faz cerca de vinte anos, talvez um pouco mais, que conhecemos o Sr. Harper pela primeira vez. Nossa lembrança mais antiga dele era dos seus trabalhos no Evangelho em Bridge-of-Weir. Na época ele só parecia um rapaz crescido. Mas naquele tempo, como durante toda a sua carreira pública, a chama do Senhor ardia intensamente no seu coraçăo.
A Conversăo de John Harper
Ele nasceu em Houston, Renfrewshire, no dia 29 de maio de 1872, e foi no último domingo de março de 1886, quando tinha treze anos e dez meses de idade, que aceitou Jesus. Ele nunca foi um rapaz de confusăo. Sua juventude desde a pré-adolescência foi moldada e protegida por sua fé no Senhor Jesus Cristo. O amor de Deus foi derramado no seu coraçăo, e permeou sua vida completamente, formando seus pensamentos, induzindo à açăo no momento certo, e preservando-o do mal que está neste mundo. Foi através de Joăo 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê năo pereça, mas tenha a vida eterna”, que o caminho da salvaçăo ficou claro no seu coraçăo e na sua mente. Esse tem sido o meio de iluminar multidơes. Foi o que o iluminou, e o libertou do medo. “O perfeito amor lança fora o medo”.
Ele recebeu a verdade por amá-la, e a verdade o libertou. Nas palavras esclarecedoras daquele texto, ele viu Jesus como a dádiva de Deus oferecida ao mundo inteiro, e, portanto, para ele corno habitante deste mundo. Ele recebeu essa dádiva com açơes de graça, e uma nova vida começou.
Aqueles que dirigiam o culto em que ele aceitou o Salvador foram abençoados com muitas conversơes, mas convertidos como John Harper săo raros. As vezes há grande júbilo e muitos aleluias quando um pecador notório se converte, mas, infelizmente, muitas vezes a alegria dura pouco. Algumas pessoas por quem houve muito regozijo, mais tarde provaram ser pouco confiáveis.
Năo se sabe se houve alegria especial quando o menino do interior aceitou Jesus naquela noite, mas depois que recebeu a Palavra, ele a guardou num coraçăo sincero, e mais adiante deu frutos com paciência. A palavra de Joăo 15.16 poderia se referir a ele: “eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça”.
Năo é necessário que os homens tenham se afundado no pecado para terem utilidade especial para Cristo depois que a graça redentora de Deus os tenha alcançado. No exercício do seu ministério público, o Sr. Harper jamais se afastou de Deus caindo profundamente em pecado.
Contudo, ele foi o instrumento de Deus para levar ao Salvador muitos que estavam totalmente extraviados. Desde o começo ele foi claramente, pela vontade de Deus, “um vaso para honra, santificado, e adequado para o uso do Mestre”.
E para o louvor do Senhor que Deus pode e consegue mudar as vidas de homens degradados e infames, dando-lhes um lugar de honra e distinçăo na Sua obra. Mas as açơes malignas deles antes da conversăo, às vezes, săo uma armadilha para eles depois da conversăo, ao invés de um auxílio no serviço para Cristo. Uma vida pura antes da conversăo é um recurso valioso.
A Herança de Pais Tementes a Deus
John Harper nasceu e foi criado num lar cristăo, como será relatado mais tarde neste livro. Seus pais. pobres neste mundo, eram herdeiros do Reino que Deus prometeu aos que O amam. Quanto mais lares cristăos, melhor, năo só para a igreja, mas para a naçăo também. Ser criado no cuidado e conselho do Senhor, num ambiente de oraçăo e de reverência à Palavra de Deus, é ser selado na juventude com marcas que săo de grande valor, apesar de ocasionalmente os resultados esperados demorarem a aparecer.
Ser criado no temor de Deus é uma herança de valor inestimável. Apesar de ter sido num domingo à noite em março de 1886 que o menino de quase quatorze anos aceitou a Cristo, havia todas as marcas dos anos anteriores guardadas na sua mente jovem. Năo foi em văo que ele ouviu durante esses anos marcantes as oraçơes e súplicas de seu pai e a exposiçăo da Palavra de Deus naquele lar simples. A lenha foi colocada na lareira do seu coraçăo, e eis que naquela noite de domingo uma fagulha de amor divino caiu sobre ela, e a chama se acendeu.
Uma Experiência Marcante na Vida de Harper
Durante os quatro anos que se seguiram năo houve nada de especial sobre ele, pelo menos nada que previsse a grande utilidade que marcaria sua vida futura. Ele ia freqüentemente às reuniơes bíblicas que eram realizadas com entusiasmo por alguns jovens da vila, com a ajuda de pastores de outros lugares. Ele ficou livre de amizades comprometedoras, e firmou-se na fé moderadamente e sem ostentaçăo.
Mas depois de quatro anos e quatro meses, quando tinha acabado de fazer dezoito anos de idade, ele passou por uma experiência maior. O crescimento é uma lei do Reino de Deus. As vezes é bem devagar e quase imperceptível. Outras vezes é espantosamente rápido. Alguns homens crescem mais numa hora de temor perante as coisas de Deus do que outros que levam anos para crescerem. Seja qual for a nova experiência, é sem dúvida o Espírito de Deus agindo para o crescimento em graça, levando a alma a um espaço mais extenso, ampliando o horizonte, clareando a visăo, implantando ideais mais nobres.
Uma Visăo de Esperança
Foi no ano de 1890 que John Harper teve a conscientizaçăo que o selou para o ministério público. Ele estava em casa sozinho num sábado à tarde no mês de junho. Ao redor da sua casa na vila, a natureza estava exuberante. Junho é o rei dos meses de verăo na Escócia. As flores desabrochavam. Os pássaros cantavam. O sol brilhava. Mas enquanto outros jovens deviam estar passeando nos campos verdes ou pelos riachos, dentro daquela casa na vila o Espírito de Deus levava um jovem a pastos verdejantes e águas de descanso.
Uma clareza arrebatadora foi dada a ele, quase devastadora na sua intensidade, na qual ele viu e sentiu como nunca havia sentido antes o
propósito de Deus na Cruz de Cristo. No amor de Cristo pelos homens como visto no Calvário ele admirou, de forma mais completa, uma porta de esperança aberta para um mundo pecador, e juntamente com essa revelaçăo nova ele sentiu que Deus o chamava, e entregava-lhe uma parte no ministério de reconciliaçăo. No dia seguinte seus lábios estavam abertos. Assumindo sua posiçăo na rua da sua cidade natal, ele começou a compartilhar um apelo fervoroso para que os homens se reconciliassem com Deus.
Um Pastor Sem Curso Teológico
Toda instruçăo que ele recebeu foi obtida no colégio na sua cidade natal, e como muitos outros rapazes ele năo se entusiasmava com a escola. Ele estava ansioso por trabalhar, pensando como outros da sua idade que o trabalho é sinal de maturidade. Além disso, tudo que podia ganhar era necessário em casa. Logo que pôde sair da escola, suas măos estavam ocupadas com o trabalho. Ele trabalhou com jardinagem por um tempo, mas estava empregado numa fábrica de papel quando teve a maravilhosa experiência e o chamado para o ministério.
Nenhuma universidade jamais teve a oportunidade de moldá-lo. Ele foi treinado pela măo de Deus para o ministério, năo tendo freqüentado curso teológico formal. Talvez isso tenha diminuído seu “status” aos olhos de alguns, mas năo diminuiu seu zelo pelo bem-estar moral e espiritual do seu próximo. E, afinal, năo é o que o homem adquire com a escolaridade, mas o que o homem realiza que tem valor entre homens justos.
A Palavra de Deus era Sua Doutrina
Ele tinha uma mente organizada, o que ficou mais evidente com o passar do tempo, e era um estudante dedicado de obras teológicas. Quando jovem, absorveu muito da doutrina calvinista, mas do tipo muito rígido e restrito. Porém, à medida em que cresceu em graça e conhecimento, sua mente se expandiu, e năo teve dificuldade em crer em qualquer verdade ou sistema de doutrina que tivesse base bíblica. Ele adotou e seguiu a Soberania Divina e o Livre Arbítrio como esses termos săo entendidos popularmente, acreditando que eram baseados na Palavra de Deus. Dizia năo saber explicar como eles co-existem, e năo discutia sobre esses termos, reconhecendo, como os homens mais sábios e dedicados de todas as geraçơes, que eles săo assuntos de fé e năo de debate.
Ele era um estudante zeloso da Bíblia. Lia a Escritura Sagrada. Meditava nela. Usava qualquer comentário que pudesse esclarecê-la, ou que o ajudaria a aprender com ela. Submeteu-se à sua autoridade. Interpretou-a. Poucos podiam usá-la melhor que ele “para o ensino, para a repreensăo, para a correçăo, para a educaçăo na justiça”. Aceitava qualquer forma de doutrina encontrada nela. Fazia isso com persistência. Apegava-se a toda instruçăo que ela lhe dava. Ele a amava como à sua própria vida. Toda doutrina que năo se encontrava nas Escrituras Sagradas, năo importava quăo bem apresentada, nem por quem fosse proclamada, năo era aceita por ele. “Assim diz o Senhor” era o seu lema.
Ele se firmava na rocha da revelaçăo. As teorias dos homens eram areia para ele. A Palavra de Deus era rocha. Sempre provava seu valor, e năo se envergonhava de declarar sua fé nela. Sempre citava textos de forma impressionante, e os homens lembrariam do texto sobre o qual tinha pregado mesmo que năo se lembrassem de mais nada.
Um homem de negócios em Glasgow lembra-se de vê-lo num salăo em Kilbarchan há cerca de vinte anos atrás citando 1 Joăo 1.7: “E o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”. As palavras “todo pecado” foram repetidas por ele três vezes, cada vez com maior ênfase. “Há algo nisso, rapaz”, o senhor disse para si mesmo. Certamente havia, e no tempo determinado esse “algo” foi visto.
Qualquer Esquina Era Seu Púlpito
Quando Deus precisa de um homem para o Seu serviço Ele sabe onde procurá-lo. Ele observa o campo. Ele vê a necessidade. Ele escolhe o homem. Ele chamou Eliseu do arado, Amós do rebanho. Pedro do barco de pesca nas margens do Mar da Galiléia, e John Harper da indústria de papel. E quando Deus coloca um homem num cargo, ninguém pode “demiti-lo”. Um lugar será encontrado para ele quando o dom e o chamado de Deus se manifestarem, e se năo houver lugar para ele na igreja até que seja provado, testado e confirmado, Deus encontrará para ele um local de serviço para manifestar Seu chamado divino.
No serviço de Deus os cooperadores săo sempre necessários, homens que estejam dispostos a trabalhar e sofrer, gastar e serem gastos, suportar repreensăo e passar por dificuldades como bons soldados de Jesus Cristo. John Harper era um cooperador — um cooperador de Deus (1 Coríntios 3.9), um homem que se dedicava de coraçăo, alma, força e mente a todo serviço que prestava. No inicio da sua carreira năo sonhava com o púlpito da igreja. Se visse uma esquina vazia, seja qual fosse o lugar, ele a enchia de ouvintes. Esse era o seu púlpito, e fazia proveito dele. Por toda a regiăo onde vivia, depois de receber o revestimento especial de poder do alto, saiu pregando a história da graça redentora. Bridge-of-Weir, Kilbarchan, Elderslie, Johnstone, Linwood., e outros lugares o encontravam à noite depois do dia de trabalho terminar, proclamando com esperança vigorosa a história do amor de Deus aos homens. Seu coraçăo estava incandescente. Uma coisa ele fazia entăo, e a fez até o fim — ele se esforçava para trazer homens do pecado para Deus.
Essa é uma obra que deve continuar, “a história deve ser proclamada.” Os que estăo afastados do Senhor devem ser encontrados, avisados, convidados, e convencidos a abandonar o pecado e seguir a Cristo. Se um dos servos de Deus é levado, alguém deve estar atento ao chamado divino para se apresentar e preencher o espaço vazio. Năo para servir necessariamente na mesma área, mas para manter o testemunho vivo. O número de testemunhas năo deve diminuir. Hoje o mundo precisa do Evangelho tanto quanto antes. O coraçăo de Deus bate tăo forte quanto antes. O sangue de Jesus é tăo eficaz quanto antes. O Espírito de Deus está tăo presente quanto antes, mas infelizmente deve estar tăo entristecido que o Seu poder é menos evidente do que deveria ser. Haverá trabalho enquanto é dia. Este é o dia da salvaçăo. A noite vem, em que nenhum homem poderá trabalhar.
“É Maravilhoso Ser Enviado de Deus”
Depois de cinco ou seis anos de dedicaçăo, serviço evangelístico constante, esforço na fábrica durante o dia e à noite nos distritos rurais em redor convidando homens a se prepararem para o encontro com Deus, o reverendo E. A. Carter da Missăo Pioneira Batista de Londres “descobriu” o jovem pregador e o liberou para dedicar todo o seu tempo e toda a sua energia à obra que tanto amava. Com o patrocínio da Missăo, uma obra Batista foi iniciada em Govan, um dos subúrbios de Glasgow, onde havia bastante espaço para um trabalho ativo.
Durante algum tempo, cultos evangelístícos foram realizados, depois uma igreja foi formada. O culto de inauguraçăo foi dirigido pelo pastor J. B. Frame e no dia seguinte um sermăo foi pregado pelo Reitor MacGregor da Faculdade Dunoon sobre as palavras: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era Joăo” (Joăo 1.6). A passagem deve ter provocado sorrisos, mas era muito adequada à ocasiăo. Naquele salăo estava um homem que sem dúvida alguma, como resultados futuros provaram, foi enviado por Deus, e seu nome era Joăo (John). É maravilhoso ser enviado de Deus. As referências que tinha consigo eram os sinais de que Deus já o moldara. Ele năo tinha outras. Mas essas eram suficientes para incentivar a certeza de que Deus o enviara.
Apesar de jovem na idade, ele já tinha um histórico confiável. O selo de Deus foi colocado na sua obra nos diversos lugares onde ele deu um bom testemunho, e agora em meio a uma multidăo acreditava-se que seria mais útil do que nunca. Essas esperanças năo foram desmentidas. Quando Deus envia um homem Ele proporciona toda a graça necessária. Ele năo deixa nada de bom faltar para aqueles que andam corretamente no caminho da obra à qual Ele os chama. Homens enviados por Deus com uma mensagem do Evangelho săo guardiơes de um poder que converte pecadores do erro dos seus caminhos.
Mas se os homens saem antes de Deus enviá-los, tais resultados năo aparecem. Na época de Jeremias, Deus reclamou através dele daqueles que “falam as visơes do seu coraçăo, năo o que vem da boca do Senhor”
(Jeremias 23.16). Sobre eles disse: “Năo mandei esses profetas; todavia, eles foram correndo, năo lhes falei a eles, contudo, profetizaram. Mas, se tivessem estado no meu conselho, entăo, teriam feito ouvir as minhas palavras ao meu povo e o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas açơes” (Jeremias 23.21-22). Essa é uma descriçăo dos homens que năo săo enviados. Eles năo estăo no conselho de Deus. Năo afastam as pessoas dos seus maus caminhos, e das suas açơes malignas.
Um homem enviado por Deus proclamará a Palavra de Deus. Năo declarará uma visăo do seu próprio coraçăo. O resultado será que os homens abandonarăo seus caminhos maus, e se prostrarăo em arrependimento e adoraçăo aos pés dEle, que foi crucificado, mas que agora é o Salvador glorificado. Sob John Harper os homens abandonaram seus caminhos maus e suas obras más. Eles renegaram a impureza e seguiram a santidade sem a qual ninguém verá o Senhor.
Poderia parecer um evento sem importância para alguns a consagraçăo daquele jovem para o ministério de Deus naquele dia. Mas centenas e centenas de pessoas têm razăo para agradecer a Deus por terem visto sua face, ou ouvido sua voz. Durante cerca de dezoito meses ele se esforçou sem cessar em Govan, trabalhando, orando, pregando, convidando, tocando os coraçơes e as vidas de alguns com seus apelos sinceros, e reunindo à sua volta um pequeno grupo de homens e mulheres que viram nele as marcas de um homem enviado por Deus.
“Pregando Tudo o que Tinha Direito”
No início do seu trabalho em Govan um dos membros de um conjunto evangelístico foi enviado como representante da cidade para falar num culto missionário em Govan. Quando chegou no cruzamento de Govan, ele viu um jovem de pé “pregando tudo o que tinha direito”. “Quem é’?”, perguntou a um homem que estava com ele. “Esse é o pastor da Missăo Batista”, foi a resposta. A impressăo que ficou naquela noite, reforçada mais tarde com conhecimento maior do jovem que estava “pregando tudo o que tinha direito”, segundo ele, levou-o a participar da igreja quando ela foi formada, e fez dele um dos amigos mais leais do Sr. Harper.
Depois de um ano e meio de trabalho em Govan, Harper mudou-se para Gordon Halls, na rua Paisley. Neste lugar, no dia 5 de setembro de 1897, formou-se uma igreja com 25 membros, alguns dos quais vieram com ele de Govan. A igreja foi chamada de Igreja Batista de Paisley Road, o nome que ainda tem. Mas foi sugerido que deveria chamar-se Igreja Memorial Harper (e agora ela é conhecida assim).
Homens e mulheres de todas as idades juntaram-se ao jovem pastor, e sob a sua liderança, a obra foi feita sem formalidades. Em todos os cultos na igreja fazia-se o máximo para ganhar homens para Cristo. Do lado de fora, eram feitas pregaçơes nas esquinas, nos portơes de prédios públicos durante as refeiçơes, e sempre que houvesse alguém para ouvir. A rede era lançada para todos os lados. O zelo e o entusiasmo dos obreiros pareciam ilimitados. Almas foram ganhas, a causa prosperava, o número de membros aumentava. A fé que age pelo amor e é radiante de esperança, animou os obreiros, e os levou de vitória em vitória sobre as forças da incredulidade.
Depois de quatro anos em Gordon Halls, um terreno foi adquirido no distrito de Plantation, e um galpăo de ferro, com capacidade para quinhentas ou seiscentas pessoas, foi erguido. A obra foi transferida, tendo esse local como centro, e do lado de dentro foram vistas maravilhas do poder redentor de Deus. Uma fonte contínua de misericórdia para perdoar jorrava nos cultos, e há seis anos atrás o prédio teve que ser ampliado para dar espaço para as exigências crescentes da obra. Ele fica no meio de uma populaçăo densa de trabalhadores. Ninguém, por mais próximo da obra realizada jamais poderá saber completamente quanto bem foi realizado pelo ministério de John Harper.
“Aquele Homem, o Sr. Harper, Estava Pregando na Esquina, e Eu Aceitei Jesus”
O superintendente de um grande salăo evangelístico em Glasgow estava visitando há algum tempo atrás um homem idoso em High Street, a duas milhas de distâneia da Igreja de Paisley Road. Perguntaram ao homem, que tinha 80 anos, se ele confiava em Jesus. Imediatamente ele respondeu que sim. Quando perguntaram há quanto tempo ele confiava no Salvador, ele disse: “Nove anos”. “Quantos anos você tinha, entăo?” “Tinha acabado de fazer 70 anos”. “E como isso aconteceu?” “Bem, eu estava passando em Plantation, e aquele homem, o Sr. Harper, estava pregando na esquina, e eu aceitei Jesus ali mesmo”. Dentro e nos arredores do distrito onde a igreja se situava, muitas casas foram abençoadas, iluminadas, transformadas, pela pregaçăo do servo do Senhor, cujo fim tantos lamentam. A igreja que foi formada com 25 membros tinha quase 500 membros quando, depois de 13 anos de trabalho, ele foi, em setembro de 1910, assumir os deveres do pastorado na Igreja de Walworth Road em Londres. O culto de despedida foi inesquecível. O galpăo de ferro, que tinha lugar para 900 pessoas, fora muito pequeno para acomodar todos os que queriam assistir ao culto, e o espaço de uma grande igreja na vizinhança foi graciosamente cedido para a ocasiăo. Ela ficou lotada.
Uma Dedicaçăo Intensa
Ele sempre foi um pregador fervoroso. Nunca foi superficial. Nunca foi um mero falador. Ele sempre foi um homem que fixava seu olhar na necessidade de almas preciosas. Mas durante os últimos anos do seu ministério em Glasgow, a sua pregaçăo parecia alcançar um novo patamar. Havia uma dedicaçăo intensa que crescia com o passar dos anos. Seu poder de pregaçăo certas vezes tinha algo extraordinário. Năo era simplesmente quando fazia o apelo para os incrédulos se reconciliarem com Deus, mas também quando exortava os filhos de Deus a coisas maiores. Sem dúvida, como aqueles dentre nós que o conheciam podem testemunhar, o desejo fervoroso e impetuoso que se expressava nas suas pregaçơes públicas brotava das horas prolongadas de oraçăo a que ele se dedicava. Ele era antes de mais nada um homem de oraçăo. Quase um mês antes da sua morte, quando estava em Glasgow para uma visita, ele passou meia hora tomando chá com alguns de nós, e a última palavra que lembramos ter dito foi que a necessidade de hoje era uma vida de oraçăo mais intensa.
Seu breve ministério em Walworth Road foi claramente abençoado por Deus. Melhoras foram feitas. O número de membros da igreja aumentou. Tudo parecia prometedor. Novos laços de interesse se formaram. Novas amizades foram feitas. Entăo veio o convite para dirigir cultos especiais na Igreja Moody em Chicago durante o inverno passado. Referências ao trabalho notável aparecem nas últimas páginas deste livro.
Quando voltou para Londres em janeiro, năo se achava que ele concordaria em fazer outra visita tăo cedo como programou. Mas ele iria “no começo de abril”, nos disse duas semanas antes de partir. “Por que vai voltar já’? Certamente năo é para dirigir cultos especiais novamente?”… “Oh, năo”, ele disse: “eu vou dirigir os cultos normais na Igreja Moody, e falar em conferências e outras reuniơes em outros lugares”. Cheio de esperanças ele embarcou no desventurado navio, e no caminho encontrou o seu fim. E isso que devemos dizer? Năo é melhor dizermos que ele encontrou o seu Senhor no caminho?
Naquela noite de domingo, apenas uma hora ou duas antes do Titanic colidir com o iceberg, ele olhou para o céu e vendo um brilho vermelho no oeste, disse: “Vai fazer um belo dia amanhă”. Sim, faria, mas a beleza que ele veria năo era aquela à qual se referia quando disse essas palavras. Ele veria a beleza do Salvador.
Depois de pouco tempo de casado, ele perdeu a sua esposa no começo de 1906. Sua filhinha, Nana, agora tem seis anos e alguns meses. A bênçăo do Senhor certamente estará sobre aquela menininha órfă. “Pai dos órfăos… é Deus em sua santa morada” (Salmo 68.5).

Nenhum comentário:

Postar um comentário