Como muita gente sabe, um dos ensinos fundamentais do Novo Testamento é que Jesus Cristo [o Messias] é o cumprimento do Antigo Testamento. O livro de Hebreus mostra que Cristo é o herdeiro de tudo o que Deus falou através dos profetas. O próprio Jesus asseverou que viera para cumprir a lei e os profetas. Após sua gloriosa ressurreição, Ele demonstrou aos seus seguidores, tendo por base a lei de Moisés, os profetas e os salmos, ou seja, as três principais divisões do Antigo Testamento [hebraico], que Deus predissera, há muito tempo, tudo quanto lhe havia sucedido. Para melhor compreendermos as profecias do Antigo Testamento a respeito de Jesus Cristo, precisamos ver algo da tipologia bíblica.
PRINCÍPIOS DE TIPOLOGIA
O estudo cuidadoso do Antigo Testamento revela elementos chamados tipos, que têm seu cumprimento na vinda do Messias [que é o antitipo]; noutras palavras, há uma correspondência entre certas pessoas, eventos, ou coisas do Antigo Testamento e Jesus Cristo no Novo Testamento. Note-se os seguintes princípios básicos concernentes a essa forma de profecia e seu cumprimento:
- Para um trecho do Antigo Testamento prenunciar a Cristo, é preciso sempre analisar o referido trecho como um acontecimento na história divina da redenção, ou seja, devemos primeiramente analisar o trecho do Antigo Testamento sob o aspecto histórico, e então ver de que modo ele prenuncia a vinda de Jesus Cristo como o Messias prometido;
- É preciso reconhecer que o cumprimento messiânico de um trecho do Antigo Testamento está geralmente num plano espiritual mais elevado do que o evento registrado no Antigo Testamento.
Na realidade, os personagens de determinado acontecimento bíblico por certo não perceberam que o que estavam vivenciando era um prenúncio profético sobre o Filho de Deus que um dia viria aqui. Por exemplo, Davi sem dúvida não percebeu que, ao escrever o Salmo 22, seu sofrimento era uma forma de profecia do sofrimento de Cristo na cruz. Nem os judeus expatriados e chorosos que passavam pelo túmulo de Raquel em Ramá [Jeremias 31.15] sabiam que um dia o seu pranto teria cumprimento profético na morte de todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém [Mateus 2.18]. Quase sempre, só à luz do Novo Testamento é que percebe-se que um trecho do Antigo Testamento é uma profecia a respeito de Jesus.
CATEGORIA DE TIPOS PROFÉTICOS
Há pelo menos quatro formas pelas quais o Antigo Testamento prenuncia e profetiza a vinda de Cristo para o Novo Testamento:
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Resumindo tudo: O Antigo Testamento narra histórias de pessoas piedosas que nos servem de modelo e exemplo, mas ele vai além disso; o Antigo TestamentoTextos específicos do Antigo Testamento. Certos trechos do Antigo Testamento são manifestamente profecias sobre Cristo, porque o Novo Testamento os cita como tais. Por exemplo, Mateus cita Isaías 7.14 para comprovar que o Antigo Testamento profetizava aí o nascimento virginal de Cristo [Mateus 1.23], e Miquéias 5.2 para comprovar que Jesus devia nascer em Belém [Mateus 2.6]. Marcos observa aos seus leitores [Marcos 1.2,3] que a vinda de João Batista como precursor de Cristo fora profetizada tanto por Isaías [Isaías 40.3], quanto por Malaquias [Mal 3.1]. Zacarias predisse a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém no domingo que precede a Páscoa [Zac 9.9; cf. Mat 21.1-5]. A experiência de Davi, descrita no Salmo 22.18, prenuncia os soldados ao derredor da cruz, dividindo entre si as vestes de Jesus [João 19.23-24]. O livro de Hebreus afirma que Melquisedeque é um tipo de Cristo, nosso eterno Sumo Sacerdote.Alusões a passagens do Antigo Testamento pelos escritores do Novo Testamento. Outra forma de revelação de Cristo no Antigo Testamento consiste em passos do Novo Testamento que, mesmo sem citação direta, referem-se a pessoas, eventos, ou objetos do Antigo Testamento prefigurando profeticamente a Cristo. Por exemplo, no primeiro de todos os textos proféticos da Bíblia [Gen 3.15], Deus promete que enviará o descendente da mulher para ferir a cabeça da serpente. Com toda certeza, o apóstolo Paulo tinha em mente esse trecho quando declarou que Cristo nasceu da mulher para redimir os que estavam debaixo da lei [Gal 4.4-5]. João, igualmente, declara que o Filho de Deus veio "para desfazer as obras do diabo" [1João 3.8]. A referência de João Batista a Jesus como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo [João 1.29,36], recua a Isaías 53.7. A referência do apóstolo Paulo a Jesus como "nossa páscoa" [1Cor 5.7] revela que o sacrifício do cordeiro pascal profetizava a morte de Cristo em nosso favor [Êxodo 12.1-14]. O próprio Jesus declarou que o ato de Moisés, ao levantar a serpente no deserto [Num 21.4-9] era uma profecia a respeito dEle, quando pendurado na cruz.Pessoas, eventos, ou objetos no Antigo Testamento que apontam para a redenção. O êxodo de Israel do Egito, que em todo o Antigo Testamento é visto como o maior evento redentor do antigo concerto, prefigura Cristo e a redenção que Ele efetuou no novo concerto. Alguns tipos do livro de Êxodo que prenunciam Cristo e sua obra redentora são: Moisés, a Páscoa, a travessia do mar Vermelho, o maná, a água que brotou da rocha, o Tabernáculo com seus pertences e o sumo sacerdote.Eventos do Antigo Testamento que prefiguram o modo de Deus lidar com o crente em Cristo. Muitos fatos do Antigo Testamento constituem uma das formas de Deus lidar com o seu povo, tendo seu real cumprimento em Jesus Cristo. Abraão teve de esperar com paciência por quase vinte e cinco anos até Deus sarar a madre de Sara e lhes dar Isaque. Abraão nada poderia fazer para apressar o nascimento do filho prometido por Deus. Fato idêntico cumpriu-se no Novo Testamento, quando Deus enviou seu próprio Filho como Salvador do mundo, ao chegar a plenitude dos tempos [Gal 4.4]; o ser humano nada podia fazer para apressar esse momento. Nossa salvação é obra única e exclusiva de Deus, e jamais pelo esforço humano. Antes dos israelitas serem libertos do Egito pelo poder gracioso de Deus, em aflição eles clamavam por socorro contra seus inimigos [Êxodo 2.23-24]. Temos aí um indício profético do plano divino da nossa redenção em Cristo. O pecador, antes do seu livramento pela graça de Deus, do jugo do pecado e dos inimigos espirituais, precisa clamar arrependido e recorrer à graça salvítica de Deus. Todos aqueles que invocarem o nome do Senhor serão salvos. Quando Naamã, o siro, buscou a cura da sua lepra, recorrendo ao Deus de Israel, recebeu a ordem de lavar-se sete vezes no rio Jordão. Essa ordem inicialmente provocou ira nela, o qual a seguir, humilhou-se e submeteu-se ao banho no Jordão, para ser curado [2Reis 5.1-14]. No fato de a graça salvítica de Deus transpor os limites da nação de Israel, temos uma antevisão de Jesus e o novo concerto, e também do fato que, para recebermos a salvação, precisamos renunciar ao orgulho, humilhar-nos diante de Deus e receber a purificação pelo sangue de Jesus. "nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados" [Gal 3.24].
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