Obviamente, refere-se, em primeiro lugar, a tudo quanto Deus tem falado diretamente. Quando Deus falou a Adão e Eva, o que Ele lhes disse era, de fato, a palavra de Deus. De modo semelhante, Ele se dirigiu a Abraão, a Isaque, a Jacó e a Moisés. Deus também falou à totalidade da nação de Israel, no monte Sinai, ao proclamar-lhe os dez mandamentos. As palavras que os israelitas ouviram eram palavras de Deus.
Além da fala direta, Deus ainda falou através dos profetas. Quando eles se dirigiam ao povo de Deus, assim introduziam as suas declarações: "Assim diz o Senhor", ou "Veio a mim a palavra do Senhor". Quando, portanto, os israelitas ouviam as palavras do profeta, ouviam, na verdade, a palavra de Deus.
A mesma coisa pode ser dita a respeito do que os apóstolos falaram no Novo Testamento. Embora não introduzissem suas palavras com a expressão "assim diz o Senhor", o que falavam e proclamavam era, verdadeiramente, a palavra de Deus. O sermão do apóstolo Paulo ao povo de Antioquia da Pisídia [Atos 13.14-41], por exemplo, criou tamanha comoção que, "no sábado seguinte, ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de Deus" [Atos 13.44]. O próprio Paulo assegurou aos tessalonicenses que, "havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas [segundo é, na verdade] como palavra de Deus" [1Tes 2.13].
Além disso, tudo quanto Jesus falava era palavra de Deus, pois Ele, antes de tudo, é Deus. Lucas, escritor do terceiro evangelho, declara explicitamente que, quando as pessoas ouviam a Jesus, ouviam na verdade a palavra de Deus [Lucas 5.1]. Note como, em contraste com os profetas do Antigo Testamento, Jesus introduzia seus ditos: "Eu vos digo...". Noutras palavras, Ele tinha dentro de si mesmo a autoridade divina para falar a palavra de Deus. É tão importante ouvir as palavras de Jesus, pois "quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação" [João 5.24]. Jesus, na realidade, está tão estreitamente identificado com a palavra de Deus que é chamado "o Verbo".
A palavra de Deus é o registro do que os profetas, apóstolos e Jesus falaram, isto é, a própria Bíblia. No Novo Testamento, quer um escritor usasse a expressão "Moisés disse", "Davi disse, "o Espírito Santo diz", ou "Deus diz", nenhuma diferença fazia; pois o que estava escrito na Bíblia era, sem dúvida alguma, a palavra de Deus.
Mesmo não estando no mesmo nível das Escrituras, a proclamação feita pelos autênticos pregadores ou profetas, na igreja de hoje, pode ser chamada a palavra de Deus. O apóstolo Pedro indicou que, a palavra que seus leitores recebiam mediante a pregação, era palavra de Deus, e Paulo mandou Timóteo "pregar a Palavra". A pregação, porém, não pode existir independentemente da Palavra de Deus. Na realidade, o teste para se determinar se a palavra de Deus está sendo pregada num sermão, ou mensagem, é se ela corresponde exatamente à Palavra de Deus escrita.
O PODER DA PALAVRA DE DEUS
A palavra de Deus permanece firme nos céus [Salmo 119.89]. Não é, porém, estática; é dinâmica e poderosa, pois realiza grandes coisas.
A palavra de Deus é criadora. Segundo a narrativa da criação, as coisas vieram a existir à medida que Deus falava a sua Palavra. Tal fato é resumido pelo salmista: "Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus" [Salmo 33.6]; e pelo escritor de Hebreus: "Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados" [Heb 11.3]. De conformidade com o apóstolo João, a Palavra que Deus usou para criar todas as coisas foi Jesus Cristo [João 1.1-3].
A palavra de Deus sustenta a criação. Nas palavras do escritor aos Hebreus, Deus sustenta "todas as coisas pela palavra do seu poder" [Heb 1.3]. Assim como a palavra criadora, essa palavra relaciona-se com Jesus Cristo segundo o apóstolo Paulo: "todas as coisas subsistem por ele [Jesus]" [Col 1.17].
A palavra de Deus tem o poder de outorgar vida nova. Pedro testifica que nascemos de novo "pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre" [1Ped 1.23]. É por essa razão que o próprio Jesus é chamado o Verbo da vida [1João 1.1].
A palavra de Deus também libera graça, poder e revelação, por meio dos quais os crentes em Cristo crescem na fé e na sua dedicação a Jesus. O profeta Isaías emprega um expressivo quadro verbal: assim como a água proveniente do céu faz as coisas crescerem, assim a palavra que sai da boca de Deus nos leva a crescer espiritualmente [Isaías 55.10-11].
A palavra de Deus é a arma que o Senhor nos proveu para lutarmos contra Satanás [Efésios 6.17]. Jesus derrotou Satanás, pois fazia uso da Palavra de Deus: "Está escrito".
Finalmente, a palavra de Deus tem o poder de nos julgar. Os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo Testamento frequentemente pronunciavam palavras de juízo recebidas do Senhor. O próprio Jesus assegurou que a sua palavra condenará os que o rejeitarem [João 12.48]. E o autor aos Hebreus escreve que a poderosa palavra de Deus julga "os pensamentos e as intenções do coração" [Heb 4.12]. Noutras palavras, os que optam por desconsiderar a palavra de Deus, acabarão por experimentá-la como palavra de condenação.
COMO DEVEMOS PROCEDER ANTE A PALAVRA DE DEUS
A Bíblia descreve, em linguagem clara e inconfundível qual a nossa atitude ante a palavra de Deus em suas diferentes expressões. Devemos ansiar por ouvi-la e procurar compreendê-la. Devemos louvar, no Senhor, a palavra de Deus, amá-la, e dela fazer a nossa alegria e deleite. Devemos aceitar o que a palavra de Deus diz, ocultá-la nas profundezas de nosso coração, confiar nela, e colocar a nossa esperança em suas promessas. Acima de tudo, devemos obedecer ao que ela ordena e viver de acordo com seus ditames. Deus conclama aos que ministram a palavra a manejá-la corretamente, e a pregá-la fielmente. Todos os crentes em Cristo são convocados a proclamarem a palavra de Deus por onde quer que forem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário