A imagem de Deus não é uma semelhança física - opinião esta abraçada pelos mórmons e por Swedenborg. A Bíblia declara que Deus, que é Espírito onipresente, não pode ser limitado a um corpo físico (João 4.24; 1Tim 1.17; 1Tim 6.16). O Antigo Testamento utiliza, de fato, termos como "o dedo de Deus" ou o "braço de Deus" para expressar o seu poder. Também fala de suas "asas" e "penas" para expressar o seu cuidado protetor. Esses termos, porém, são antrpomorfismos, figuras de linguagem empregadas para retratar algum aspecto da natureza ou do amor de Deus. Deus advertiu Israel de que não deveria fazer imagens para adorar, pois quando Ele falou ao seu povo, no Horebe (monte Sinai), não foi vista "semelhança nenhuma" (Deut 4.15). Qualquer forma física seria contrária ao que Deus realmente é.
Outro erro, talvez uma versão moderna da mentira da serpente em Gênesis 3.5, é que a imagem de Deus faz dos seres humanos "pequenos deuses". Certamente, a exegese e a hermenêutica sadias são, e sempre serão, o único antídoto eficaz contra muitas doutrinas 'novas', a maioria das quais não passam de heresias antigas.
O apóstolo Paulo diz que a razão de fazermos escolhas morais apropriadas está em nos vestirmos do novo homem, "que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Col 3.10). Isso indica que a imagem de Deus pertence à nossa natureza moral-intelectual-espiritual, ou seja, que a imagem de Deus na pessoa humana é algo que somos, e não algo que temos ou fazemos. O homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus; relacionamo-nos com outros seres humanos e temos oportunidade de exercer o domínio apropriado sobre a criação de Deus. A imagem de Deus em nós ajuda-nos a fazer exatamente essas coisas.
Somente os seres humanos, na criação de Deus, possuem a virtude da imortalidade. Mesmo depois de rompida a comunhão entre Deus e a humanidade, na Queda, a Cruz de Cristo providenciou meios que possibilitam a comunhão com Deus por toda a eternidade. Finalmente, segundo o contexto de Gênesis 1.26-28, a imagem de Deus inclui, sem dúvida, um domínio provisório (com a responsabilidade de cuidar devidamente) sobre as criaturas da Terra.
A respeito da imagem moral de Deus nos seres humanos, "Deus fez ao homem reto" (Ecles. 7.29). Até mesmo os pagãos, que não possuem conhecimento da lei escrita de Deus, conservam uma lei moral escrita por Ele em seus corações (Rom 2.14-15). Em outras palavras, somente os seres humanos possuem a capacidade de sentir o que é certo e errado, bem como o intelecto e a vontade necessários para escolher entre eles. Por esta razão, os seres humanos são chamados livres agentes morais. Diz-se também que possuem autodeterminação. Efésios 4.22-24 parece indicar que a imagem moral de Deus, embora não completamente erradicada na Queda, foi afetada negativamente até certo ponto. Para ter restaurada a imagem moral "em verdadeira justiça e santidade", o pecador precisa aceitar a Cristo e se tornar uma nova criação.
Vale a pena mencionar mais uma palavra a respeito da liberdade volitiva desfrutada pelos seres humanos. Estes, mesmo possuindo tal liberdade, são incapazes de escolher a Deus. Deus, portanto, pela sua bondade, equipa as pessoas com uma medida de graça que as capacita e prepara a corresponder ao Evangelho. O propósito de Deus era ter comunhão com as pessoas que de livre vontade resolvessem aceitar sua chamada universal à salvação. Em conformidade com esse propósito divino, Deus outorgou aos seres humanos a capacidade de aceitá-lo ou rejeitá-lo. A vontade humana foi liberta o suficiente para "voltar-se para Deus", "arrepender-se" e "crer". Logo, quando cooperamos com o Espírito que nos chama e aceitamos a Cristo, essa cooperação não é o meio da renovação. Pelo contrário, é o fruto da renovação. Para os crentes bíblicos de todas as denominações, a salvação é cem por cento externa (uma dádiva imerecida de um Deus gracioso). Deus nos tem dado graciosamente aquilo que necessitamos para cumprir o seu propósito na nossa vida: CONHECER, AMAR E SERVIR A ELE.
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