Na época de Jesus, Jerusalém era a capital religiosa e política da Palestina; o lugar onde se esperava que o Messias chegasse. O Templo ficava nessa cidade, e muitas famílias judaicas de todo o mundo viajavam para ali por ocasião de importantes festividades. O Templo estava localizado em uma área imponente, um mirante da cidade. Salomão tinha construído o primeiro Templo neste mesmo lugar aproximadamente mil anos antes desta data [em 959 a.C.], mas foi destruído pelos babilônios [2Reis cap. 25]. Um segundo Templo foi reconstruído em 515 a.C. e, mais tarde, Herodes, o Grande, o apliou e remodelou.
HISTÓRIA DA CIDADE DE JERUSALÉM
A primeira referência à cidade de Jerusalém é sem dúvida Gen. 14.18, onde Melquisedeque é citado como rei de Salém. Na época dos israelitas cruzarem o Jordão para entrarem na terra prometida, a cidade chamava-se "da banda dos jebuseus" [Jos 15.8 ou "Jebus" Jos. 11.4]. Deixou de ser capturada durante a conquista de Canaã por Josué e permaneceu em mãos dos cananeus até o tempo em que Davi chegou ao reino. O exército de Davi tomou Jebus de assalto, e Davi fez dela a sua capital [2Sam 5.5-7]. Jerusalém serviu de capital política de Israel durante o reino unido e, posteriormente, do reino do sul, Judá. Salomão, sucessor de Davi, edificou o templo do Senhor em Jerusalém [1Reis caps. 5 a 8], de modo que a cidade também tornou-se o centro religioso de adoração ao Deus do concerto.
Por causa dos pecados de Israel, Nabucodonosor de Babilônia sitiou a cidade em 586 a.C., e finalmente a destruiu juntamente com o templo [2Reis 25.1-11]. Jerusalém permaneceu um montão de ruínas até o retorno dos judeus da Pérsia em 536 a.C. para redificar tanto o templo quanto a cidade [Esd 3.8-13; 5.1 - 6.15]. Já nos tempos do Novo Testamento, Jerusalém voltara a ser o centro da vida política e religiosa dos judeus. Em 70 d.C., porém, a cidade e o templo voltaram a ser destruídos.
Quando Davi fez de Jerusalém a sua capital, esta começou a receber vários outros nomes em consonância com a sua índole; nomes como "Sião" [2Sam 5.7]; "a Cidade de Davi [1Reis 2.10]; "santa cidade" [Neemias 11.1]; "a cidade de Deus" [Salmo 46.4]; "a cidade do grande Rei" [Salmo 48.2]; "cidade de justiça, cidade fiel" [Isaías 1.26]; "a cidade do SENHOR" [Isaías 60.14]; "O SENHOR Está Ali" [Ezeq 48.35] e "a cidade de verdade" [Zac 8.3]. Alguns desses nomes são proféticos para a futura cidade de Jerusalém.
O QUE SIGNIFICA JERUSALÉM PARA OS JUDEUS
A cidade de Jerusalém tinha um significado especial para o povo de Deus do Antigo Testamento.
- Quando Deus relembrou sua lei diante dos israelitas na fronteira de Canaã, profetizou através de Moisés que, a determinada altura no futuro, Ele escolheria um lugar "para ali por o seu nome" [Deut 12.5, 11, 21]. Esse lugar seria a cidade de Jerusalém [1Reis 11.13] onde o templo do Deus vivo foi erigido; por isso recebeu o nome de "santa cidade", "a cidade de Deus", e "a cidade do SENHOR". Três vezes por ano, todo homem em Israel devia ir a Jerusalém, para aparecer
"perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher, na Festa dos Pães Asmos, e na Festa das Semanas, e na Festa dos Tabernáculos" [Deut 16.16]. - Jerusalém era a cidade onde Deus revelava a sua Palavra ao seu povo [Isaías 2.3]; era, portanto, "do vale da Visão" [Isaías 22.1]. Era, também, o lugar onde Deus reinava sobre seu povo Israel [Salmo 99.1,2]. Logo, quando os israelitas oravam, eram ordenados a orar "para a banda desta cidade" [1Reis 8.44]. As montanhas que cercavam Jerusalém simbolizavam o Senhor rodeando o seu povo com eterna proteção [Salmo 125.1,2]. Em essência, portanto, Jerusalém era um símbolo de tudo quanto Deus queria para o seu povo. Sempre que o povo de Deus se congregava em Jerusalém, todos deviam lembrar-se do poder soberano de Deus, da sua santidade, da sua fidelidade ao seu povo e do seu compromisso eterno de ser o seu Deus.
- Quando o povo de Deus destruiu seu relacionamento com Ele por causa da sua idolatria e de não querer obedecer aos seus mandamentos, o Senhor permitiu que os babilônicos destruíssem Jerusalém, juntamente com o templo. Quando Deus permitiu a destruição desse antigo símbolo da sua presença constante entre os seus, estava dando a entender que Ele pessoalmente estava se retirando do seu povo. A promessa de Deus de um "concerto eterno" com seu povo sempre dependia da condição prévia da obediência deles à sua vontade revelada. Dessa maneira, Deus estava advertindo o seu povo, daqueles tempos e de agora, que todos devem permanecer fiéis a Ele e obedientes à sua lei, se quiserem continuar a desfrutar de suas bênçãos e promessas.
O QUE SIGNIFICA JERUSALÉM PARA A IGREJA
A cidade de Jerusalém também era importante para a igreja cristã.
- Jerusalém foi o lugar onde nasceu o cristianismo. Ali Jesus foi crucificado e ressuscitou dentre os mortos. Foi também em Jerusalém que o Cristo glorificado derramou o Espírito Santo sobre os seus discípulos no Pentecostes [vide Atos cap. 2]. A partir daquela cidade, a mensagem do evangelho de Jesus Cristo espalhou-se "até aos confins da terra" [Atos 1.8]. A igreja de Jerusalém foi a igreja-mãe de todas as igrejas, e a igreja a qual pertenciam os apóstolos [e não Roma como querem nos fazer crer]. Ao surgir uma controvérsia se os gentios crentes em Jesus tinham de ser circuncidados, foi a Jerusalém a cidade onde reuniu-se o primeiro concílio eclesiástico de importância para resolver o assunto. E quem foi o "cabeça" desse concílio? Pedro? Não. Tiago. [Atos 15.1-31].
- Os livros do Novo Testamento reiteram boa parte do significado da Jerusalém do Antigo Testamento, mas com uma nova aplicação: de uma cidade terrena para uma cidade celestial. Ou seja, Jerusalém, como a cidade santa, já não estava aqui na terra mas no céu, onde Deus habita e Cristo reina à sua destra; de lá, Ele derrama as suas bênçãos; e de lá, Jesus voltará. O apóstolo Paulo fala a respeito de Jerusalém "que é de cima", que é nossa mãe [Gal 4.26]. O livro de Hebreus indica que, ao virem a Cristo para receber a salvação, os crentes não chegaram a uma montanha terrestre, mas "ao monte de Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial" [Heb 12.22]. E, ao invés de preparar uma cidade na terra para os crentes em Cristo, Deus está preparando a nova Jerusalém, que um dia descerá "do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido" [Apoc 21.2]. Naquele grande dia as promessas do concerto serão plenamente cumpridas:
- Será que a cidade de Jerusalém terrestre ainda tem um papel futuro a desempenhar no reino milenar de Deus? Isaías 65.17 fala de "novos céus e nova terra", e em seguida apresenta um "mas" enfático sobre a grandeza da Jerusalém terrena no versículo 18. O restante do capítulo 65 do profeta trata das condições mileniais.
O fato é que muitos crêem que quando Jesus voltar para estabelecer seu reino milenial [Apoc. 20.1-6], Ele porá o seu trono na cidade de Jerusalém.
Depois do julgamento do grande trono branco [Apoc. 20.11-15], a Jerusalém celestial descerá à nova terra como a sede do reino eterno de Deus."Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus" [Apoc 21.3]. Deus e o Cordeiro reinarão para sempre e sempre no seu trono, nessa cidade santa.
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